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Iniciação Científica

UFTM pesquisa capacidade da casca do maracujá para remover corante amarelo descartado na água por indústrias

Publicado: Quinta, 24 de Julho de 2025, 08h48

Tendo em vista as consequências poluentes da presença do corante amarelo crepúsculo em águas de rios e lagos, lançado por indústrias alimentícias, um projeto de iniciação científica da UFTM estuda propor uma solução sustentável e de baixo custo para a remoção total ou parcial do composto dissolvido em águas por meio do uso de um biossorvente, neste caso, a cinza da casca do maracujá amarelo. No processo de biossorção, um material biológico é capaz de remover poluentes de soluções aquosas em que ele atrai e retém contaminantes em sua superfície, funcionando como uma espécie de esponja para substâncias indesejadas. 

O projeto de iniciação científica intitulado “Casca de maracujá como biossorvente do corante alimentício amarelo crepúsculo presente em efluentes líquidos industriais” está registrado na Pró-reitoria de Pesquisa de Pós-graduação da UFTM e as atividades iniciadas em dezembro de 2024 finalizam em novembro deste ano. A discente Laura de Paula Cavalari, do curso de Engenharia de Alimentos, desenvolve as atividades, sob orientação do professor Evandro Roberto Alves (Engenharia de Alimentos), com a colaboração da docente Priscila Pereira Silva (Engenharia Química) e da técnica administrativa Betina Royer (Engenharia Química).

A pesquisa é realizada nos laboratórios de Química do Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas (ICTE/UFTM) e do Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação (ICENE/UFTM).

 

 

Impactos do corante

Por ser sintético e caracterizado como azo-composto, conhecido por suas propriedades de coloração, o corante amarelo crepúsculo é estável e apresenta baixa biodegradabilidade (não se degrada com facilidade no meio ambiente). A sua coloração pode variar entre amarela ou alaranjada intensa, permanecendo no meio ambiente por longos períodos. De acordo com o professor Evandro, a presença do corante em meio aquático afeta a qualidade das águas de rios, lagos, lagoas, pois diminui a oxigenação das águas, compromete a transparência e o aspecto visual, dificultando a penetração da luz solar nesse meio. “Dessa forma, o equilíbrio ecológico é alterado e o processo fotossintético de algas e plantas aquáticas é prejudicado, impactando a cadeia alimentar”, explicou.

As indústrias que comumente descartam esse corante são indústrias de refrigerantes de sabor laranja e de produção de néctar artificial, indústrias de balas, doces, chicletes, indústrias de glacês para bolos e de recheios para biscoitos coloridos. Geralmente, o descarte nos rios ocorre quando a indústria efetua a lavagem de tanques e das linhas de produção, bem como realizam o descarte inadequado de águas utilizadas para o enxágue de equipamentos e higienização de moldes.

“O equilíbrio ecológico (toxicidade para a vida aquática: alterações genéticas e do sistema reprodutor de peixes) e a qualidade da água (a permanência nesse meio sob alterações de pH e presença de luz solar podem transformar a molécula do corante amarelo crepúsculo em aminas aromáticas, que são compostos orgânicos mutagênicos e carcinogênicos) são diretamente afetados, trazendo como consequência problemas à saúde humana. Se a contaminação for persistente, o acúmulo do corante pode afetar fontes de água potável”, afirmou o docente.

  

 

A casca do maracujá

Por se tratar de um resíduo industrial abundante e subutilizado, a casca do maracujá amarelo pode ser um biossorvente eficiente para a redução do impacto ambiental causado pela presença do respectivo corante em águas. “Considerei atrativa a ideia de ‘aproveitar’ a casca do maracujá amarelo como a busca por ‘um novo uso’ de um resíduo que é normalmente descartado no lixo orgânico e que pode promover o desenvolvimento da economia circular”, elucidou o professor.

 

Imagens: Arquivo pessoal/Evandro Roberto Alves - UFTM

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