“Reabilitação cardiopulmonar é diferencial importante na recuperação de doenças pulmonares e de coração”, avaliam profissionais do HC-UFTM

O Hospital de Clínicas da UFTM possui um serviço de reabilitação específico para pessoas que passaram por cirurgias do coração ou que sofrem com complicações pulmonares. O atendimento é pioneiro, em Uberaba, no oferecimento de teste ergoespirométrico, que verifica parâmetros como o consumo de oxigênio com mais detalhe e precisão do que seria alcançado em um teste ergométrico comum, além de medir a capacidade física, a potência aeróbica máxima e também a aptidão cardiorrespiratória do paciente.

O serviço de reabilitação cardiopulmonar do HC-UFTM efetua semanalmente em média 153 atendimentos fisioterapêuticos de pacientes com problemas cardíacos e pulmonares, incluindo aqueles com sequelas pós-covid-19. A maioria das sessões contam com a participação de alunos de graduação da UFTM e residentes multiprofissionais.

“O paciente cardiopata, para ser considerado adequadamente tratado, deveria estar necessariamente inserido em um programa de reabilitação cardíaca”, alerta o cardiologista Giovani Luiz de Santi. De acordo com o profissional, estão indicados a esse tipo de cuidado todos que tenham doença no coração e que passaram por procedimentos como angioplastia ou uma cirurgia de revascularização miocárdica, por exemplo.

Santi explica que em casos como esses, o restabelecimento da capacidade física é de grande importância. “São pacientes pós-alta de cirurgia cardíaca ou que estiveram internados devido a infarto ou descompensação de insuficiência cardíaca. Eles passam por avaliação médica conosco e depois avaliação da capacidade funcional por meio do teste ergométrico ou do teste cardiopulmonar, e são inseridos no programa de reabilitação cardíaca. Já os da reabilitação pulmonar têm alguma enfermidade como asma ou doença obstrutiva crônica”, detalha.

Professora do curso de Fisioterapia da UFTM, Luciana Duarte Novais Silva supervisiona atividades de estágio curricular no Centro de Reabilitação do Hospital de Clínicas, na área cardiopulmonar. A alta demanda do serviço prestado forneceu material para um dos trabalhos de conclusão de curso orientados por ela.

“Existe um banco de dados aqui com testes que vêm sendo feitos ao longo de muito tempo, e eu tinha uma aluna interessada em pesquisar esse tipo de reabilitação. Nós usamos esses dados para retratar como está nosso tratamento”, conta a professora. A pesquisa comprovou que houve melhoria na capacidade funcional dos pacientes, sempre positivamente, ascendente, com menor demanda de trabalho cardíaco, ou seja: constatou-se a diminuição da frequência cardíaca mesmo quando se exigiram níveis maiores de esforço físico.

A contribuição do serviço para o ensino e a pesquisa é corroborada pelo professor Eduardo Elias Vieira de Carvalho, doutor em reabilitação cardiovascular e membro da equipe do Centro de Reabilitação há cinco anos. “Tem uma importância abrangente, porque aborda tanto a parte assistencial, com o grande número de pacientes atendidos; o ensino, com a participação de alunos da graduação, da residência e da pós-graduação; e a pesquisa, por meio da qual conseguimos gerar mais conhecimento para adequar o tratamento oferecido”, ressalta.

Para Roberta Gomes Jerônimo, 23 anos, aluna do 9.º período de Fisioterapia na UFTM, a oportunidade de estar hoje no serviço de reabilitação cardiopulmonar fará a diferença na futura carreira. “É uma experiência única. Dá para aprofundarmos bastante o conhecimento. Na teoria não conseguimos sentir tanto a prática e aqui a gente consegue. O contato com o paciente, fazer uma boa avaliação, começar a intervenção, isso é um processo de maturação profissional”, afirma.

Essa prática de estágio é aplicada diretamente em pessoas como Silas Isidoro Silva, 58 anos, despachante, nascido em Divinópolis/MG. Casado, três filhos e um neto, ele vivenciou recentemente a perda do próprio pai, em decorrência do mesmo problema que o levou a buscar por ajuda. “Tive um incômodo no peito em novembro de 2021. Caminhava no máximo 50 metros e sentia uma dor muito forte, um abafamento no peito, falta de ar, e isso me levou a procurar um médico para verificar qual o tipo de tratamento eu teria de fazer”.

Com a gravidade do quadro, ele precisou agir rápido. Silas foi proativo e isso foi fundamental para reverter a situação. “Procurei o Hospital de Clínicas. Através de um excelente serviço, o diagnóstico foi que eu teria de trocar uma válvula no coração. Fiz a ponte de safena e graças a Deus estou bem melhor. Eu me sentia antes da fisioterapia com muita falta de ar, o peito pesado, mas agora deu uma melhorada de uns 70%”, ele comemora.

A reabilitação cardiopulmonar do Hospital de Clínicas da UFTM funciona à Rua da Constituição, 1.009, no bairro Abadia, em Uberaba-MG. O acesso ao serviço acontece a partir de encaminhamento por parte dos ambulatórios do HC ou serviços de saúde da região para qual o Centro de Reabilitação é referência. Cada sessão dura cerca de uma hora e inclui o monitoramento da frequência cardíaca, pressão arterial e saturação de oxigênio a partir da execução de uma planilha de exercícios criada conforme as necessidades de cada usuário.

Fonte: Comunicação Social HC-UFTM

Fotos: Luana Cunha/HC-UFTM/Divulgação