Grupo de pesquisa da UFTM testa efeitos da ingestão de chás supostamente "termogênicos" sobre o metabolismo
Avaliar o efeito do chá verde no metabolismo e identificar se ele pode ou não contribuir para o emagrecimento, este são os objetivos de um projeto de Iniciação Científica desenvolvido na Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM com o apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – PIBIC – CNPq. De acordo com a professora do Curso de Nutrição da UFTM e responsável pela pesquisa, Luciene Alves, o projeto é vinculado ao Grupo de Pesquisa e Estudo em Exercício e Nutrição – GEPEnutri da UFTM que além do chá verde realiza estudos com outras substâncias como chá de gengibre, canela e hibisco.
Ainda de acordo com a professora, a proposta do projeto surgiu devido a grande procura por tratamentos alternativos para emagrecimento. “O projeto surgiu inicialmente de uma grande inquietação quanto à divulgação midiática dos benefícios do uso desse tipo de substância como estimulante para a perda de peso. É notório que o excesso de peso tem aumentado de forma alarmante no Brasil e onerado de forma substancial o Sistema Único de Saúde - SUS. Embora os riscos, custos e tratamento da obesidade sejam bem conhecidos, a adesão ao tratamento ainda é um grande desafio a se enfrentar. Dessa forma, muitos indivíduos procuram métodos alternativos para a perda de peso, especialmente depois do advento das mídias sociais, muitas dessas alternativas ganham popularidade sem o devido respaldo científico. É o que atualmente ocorre com os chás supostamente “termogênicos”, dentre os quais se destaca o chá verde”, explicou Luciene.
O projeto de iniciação científica é realizado por meio de um desenho experimental composto por duas avaliações para cada tipo de chá. O tratamento para cada tipo de chá é separado por um período de washout (procedimento no qual a ingestão do chá é suspensa antes da introdução de outra substância) de pelo menos três dias. “Em cada tratamento, os voluntários chegam ao Laboratório de Avaliação Nutricional do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Triângulo Mineiro às 7h da manhã, após jejum de oito horas e sono regular. “Esse estudo está sendo constituído a princípio com a participação de dez voluntários, do sexo masculino, com idade entre a 18 a 29 anos, que possuem peso adequado, saudáveis e que se enquadrem nos demais critérios da pesquisa. Assim que os participantes chegam, eles descansam por 30 minutos e são submetidos ainda em jejum à avaliação do gasto energético em repouso e quociente respiratório medido por meio de calorimetria indireta, com auxílio de um analisador de gases metabólicos. Em seguida, os voluntários recebem um café da manhã padronizado com o chá verde e novamente são submetidos a mais duas avaliações, uns 30 minutos após a ingestão do chá e outra três horas após. O mesmo procedimento é repetido após o período washout, utilizando água no lugar do chá verde, para fins comparativos”, explicou a professora. Além da avaliação do gasto energético em repouso, outras avaliações são realizadas, como ingestão alimentar, testes de saciedade e composição corporal, a fim de complementar os resultados. O mesmo procedimento é realizado nos testes com os chás de hibisco, canela e gengibre.
A pesquisadora ressalta que o desenvolvimento da pesquisa ainda está em fase de coleta de dados e que os resultados ainda são preliminares, mas alerta que, tendo em vista a grande popularidade dos chás e outras substâncias para perda de peso, é preciso cuidado ao se inserir essas substâncias na dieta. “Alertamos que ainda temos poucas evidências científicas que justifiquem ou não seu uso com a finalidade de promover emagrecimento, sendo de suma importância que esses alimentos sejam alvo de mais investigações antes de serem introduzidos nas dietas. Não aconselhamos o uso de nenhuma substância, sem o devido acompanhamento profissional, visto que o processo de emagrecimento envolve principalmente o comprometimento pessoal, hábitos alimentares saudáveis e equilibrados, a prática regular de atividade física e a busca pela qualidade de vida, a fim de preservar a saúde dos indivíduos. Acreditamos que esse estudo contribuirá para a busca de mais evidências científicas e os resultados poderão servir para estimular ou não a utilização desses alimentos e o desenvolvimento de novos produtos”, complementou a pesquisadora.
O GEPEnutri é composto pelas professoras da UFTM Estefânia Maria Pereira Soares, Mara Cléia Trevisan, Camila Bitu Moreno Braga e Lucilene Rezende Anastácio da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, pelo aluno de Nutrição da UFTM, Lucas Costa Budin (bolsista CNPq) e outros alunos colaboradores.
Fotos: Luís Adolfo/UFTM
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