Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias - Notícias > Terra dos Gigantes, Peirópolis sedia a XXIII Semana dos Dinossauros
Início do conteúdo da página
Peirópolis - Semana dos Dinossauros

Terra dos Gigantes, Peirópolis sedia a XXIII Semana dos Dinossauros

Publicado: Terça, 17 de Setembro de 2024, 08h20

Educação, história e valorização da cultura são temas trabalhados com estudantes

em visita ao Complexo Cultural e Científico da UFTM

 Estudantes chegando em Peirópolis na XXIII Semana dos Dinossauros. Foto: Gustavo Miranda/UFTM.

 

Uma pequena localidade com características rurais e distante a poucos quilômetros de Uberaba pode ser chamada de Terra dos Gigantes ou Terra dos Dinossauros no Brasil. A licença poética, quiçá uma denominação que poderia ou poderá ser científica, é dada à Peirópolis, distrito rural uberabense.

Peirópolis está localizada a quase 25 quilômetros do município de Uberaba. No local encontra-se o Complexo Cultural e Científico da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, formado pelo Centro de Pesquisas Paleontológicas “Llewellyn Ivor Price”, pelo Museu dos Dinossauros e pela extinta Rede Nacional de Paleontologia, que hoje constitui a sede do complexo.  

A Semana dos Dinossauros

 Ao longo dos dias 9 a 13 de setembro aconteceu a XXIII Semana dos Dinossauros, promovida pela UFTM. Alunas e alunos das escolas de Uberaba e região visitaram a Terra dos Dinossauros, importante polo de pesquisa paleontológica, o qual recebe pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Dentro da programação teve visita às escavações, visita guiada no museu, exposição Memória Viva, apresentação dos cursos de graduação da UFTM e um jogo de tabuleiro criado pelos graduandos do Pet História, que reconta, de forma lúdica, a história do distrito de Peirópolis. 

O maior dinossauro que já viveu no Brasil, o Uberabatitan ribeiroi,  foi encontrado em Uberaba. Ainda hoje é possível encontrar em Peirópolis fósseis de dinossauros. Alunos das escolas que compareceram à XXIII Semana dos Dinossauros, tiveram a oportunidade de visitar as escavações e visualizarem os fósseis. Vale ressaltar que somente na Semana dos Dinossauros é possível visitar o local das escavações. 

Na ocasião, por meio de um guia mediador, alunas e alunos tiveram uma aula de campo, absorvendo conhecimentos e vivenciando na prática como distinguir o material encontrado se é um fóssil ou não. Nas palavras dos mediadores do Complexo Cultural e Científico, sob a supervisão de professores, é ao colocar o material na ponta da língua que se pode descobrir se é ou não um fóssil de dinossauro. "Se grudar é um fóssil". 


Geossítio Caieiras. Foto: Gustavo Miranda/UFTM.


Foto: Gustavo Miranda/UFTM.


Ensino na prática: mediador coletando fóssil na escavação. Gustavo Miranda/UFTM.


Foto: Gustavo Miranda/UFTM.

 

Os alunos das escolas puderam, com vontade própria, ver se o material era um fóssil. Em tom descontraído e muitas risadas, os estudantes escutavam dos mediadores que aqueles fósseis eram excrementos dos dinossauros. Em meio às algazarras dos adolescentes e risos estridentes, os responsáveis pela mediação no local das escavações explicavam que "não precisam ter medo. Isso está aí há milhões de anos, não tem risco para a saúde".

De portas abertas à comunidade

Diogo Nobre, museólogo e diretor do Complexo de Peirópolis, destaca que as escolas da região que não tenham conseguido participar da XXIII Semana dos Dinossauros têm a possibilidade de agendarem, fora da programação do evento, visitas ao museu. O professor de geografia, Carlos Roberto, que acompanhava os alunos da escola onde leciona, da cidade de São Gotardo, destaca que é imensurável as experiências que alunas e alunos têm durante a visita ao Complexo Cultural e Científico de Peirópolis. "Essa relação entre teoria e prática é muito importante para o processo ensino-aprendizagem. É onde o aluno vai conseguir vivenciar, ter contato e não só ficar na imaginação. Com certeza, a experiência dos alunos em Peirópolis vai ficar marcada na vida de cada um deles."

De acordo com Nobre, a iniciativa de receberem estudantes de escolas públicas e privadas oportuniza que os mesmos aprendam "sobre o município e os dinossauros que aqui viveram." Para Luis Gustavo, professor de ciências e biologia, que ali estava em meio aos alunos, coordenando-os,  além da importância do título de GeoPark concedido pela Unesco, em 2024, ao Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, é de suma importância a valorização da cultura local. "Eu sempre gosto de trazer os alunos para conhecerem a fauna que tínhamos antigamente. Eu gosto de trabalhar a fauna que já existiu em comparação com a fauna de hoje em dia. Por sermos um GeoPark, vejo ainda mais importância em trazermos os estudantes, apresentá-los à cultura local e não somente aos assuntos referentes à biologia. É importante que eles compreendam que Peirópolis é um distrito de Uberaba e valorizem a cultura do lugar."  

A experiência de ambos os lados

Para Rany Guimarães, aluna do terceiro ano do ensino médio e que participava da programação da XXIII Semana dos Dinossauros, junto com os colegas de sua turma escolar, a importância dos mediadores durante a visita ao Museu dos Dinossauros era importante para a absorção das informações sobre a história dos dinossauros em Uberaba. "Em relação ao aprendizado eu descobri que o maior dinossauro do Brasil viveu em Uberaba. Eu já tinha visto uma exposição lá no Mato Grosso que falou sobre ele, mas nunca tinha visto alguém explicar certinho sobre essa espécie."


Visita guiada na XXIII Semana dos Dinossauros. Foto: Gustavo Miranda/UFTM.

 A programação incluída no evento, recebendo os estudantes das escolas, teve graduandas e graduandos da UFTM como voluntários na mediação, explicando e orientando os alunos na visita ao museu. Para a universitária Maria Eduarda Carvalho, do primeiro período do curso de Biologia, uns dos motivos em participar enquanto mediadora na Semana dos Dinossauros é o seu interesse por paleontologia. "Eu já quero fazer parte do Museu e trabalhar aqui futuramente. Eu me interesso bastante por paleontologia e estar em contato com o pessoal do Museu dos Dinossauros, nessa parte do trabalho com as crianças, eu acho que acrescenta na minha formação." Durante as visitas das escolas ao Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, estiveram presentes desde o público infantil, das séries iniciais do ensino básico, a turmas do ensino médio. 

Ainda de acordo com a vivência no trabalho de mediação e educativo realizado por estudantes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, vale destacar que muitos retornam para serem voluntários novamente em anos posteriores. Matheus Girão, aluno do quarto período do curso de Geografia, destaca que essa é a segunda vez que participa da Semana dos Dinossauros na função de mediador nas atividades do museu. "Quando participei pela primeira vez, ano passado, eu não sabia que o maior dinossauro que viveu no Brasil foi aqui na região de Uberaba." Matheus destaca a relevância dos estudantes aprenderem sobre o maior dinossauro brasileiro. "É importante que eles tenham noção do quanto Uberaba é importante no cenário da paleontologia. É hora, especialmente para as crianças, de saberem a especificidade de Uberaba no cenário nacional de paleontologia."


Foto: Gustavo Miranda/UFTM.

Valorizar para lembrar sempre

Enquanto um dos pilares do Ensino Superior, a Extensão é a oportunidade de aproximar o ambiente e práticas acadêmicas da comunidade em geral. A Semana dos Dinossauros coloca em ação práticas que realizam visitas guiadas para as escolas que vão ao Complexo de Peirópolis e também oportuniza aos graduandos experiências extra sala de aula, contribuindo para a formação universitária dos mesmos. Para Roberta Lorrayne, do segundo período do curso de Biologia, "já que minha graduação é na modalidade de licenciatura, ter essa experiência aqui em Peirópolis, com as crianças, é algo que acrescenta no meu currículo." Segundo Lorrayne, ver a curiosidade das crianças ao conhecerem o Uberabatitan ribeiroi é algo muito interessante.


Foto: Gustavo Miranda/UFTM.

A denominação de GeoPark, em nível mundial, é importante para a preservação e divulgação do local, atraindo visitantes de diferentes lugares, não só do Brasil, mas do mundo. Segundo Diogo Nobre, diretor do Complexo, "temos uma expressiva visitação por ano ao nosso museu e sempre estamos recebendo importantes pesquisadores. Uma das justificativas para investirmos no GeoPark é a importância do trabalho com as crianças, de maneira que as mesmas possam vir com as escolas onde estudam, com seus familiares e, quem sabe, no futuro próximo trazerem seus filhos para conhecerem o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis.

Além da importância da descoberta do maior dinossauro existente em terras brasileiras, o qual viveu em Uberaba, segundo Lucília Mendes, professora de sociologia de uma das escolas presentes no último dia de programação da XXIII Semana dos Dinossauros, apresentar aos alunos a importância da cultura local é um conhecimento relevante e necessário. "A proposta da viagem até Peirópolis foi trabalharmos a história local com nossos estudantes. Apesar de muito próximo a Uberaba, muitos alunos nunca tinham vindo à Peirópolis, nunca tinham entrado no museu. Essa é uma oportunidade para eles conhecerem tanto a arquitetura dos prédios históricos, quanto a história das escavações. E, também, é uma oportunidade de conhecerem nossa cultura, para que tenham acesso às comidas típicas mineiras e ao artesanato." Segundo a socióloga e educadora,  o foco maior da viagem com os alunos a Peirópolis é "que eles levem daqui a experiência, a importância histórica da nossa cidade e compreendam que temos em Uberaba, um importante sítio paleontoógico." 

 

 

(Gustavo Miranda)

 

 

registrado em:
Fim do conteúdo da página