Pesquisa desenvolvida na UFTM avalia alterações em citocinas e quimiocinas em pacientes com fogo selvagem
Um estudo realizado por pesquisadores da UFTM com pacientes diagnosticados com a forma endêmica do pênfigo foleáceo, popularmente conhecido comofogo selvagem, apresentou resultados promissores ao demonstrar a influência de citocinas e quimiocinas, moléculas imunes que podem estar envolvidas na patogênese e no controle da doença. O estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Imunologia da UFTM, em parceria com membros da Divisão de Dermatologia do Departamento de Clínica Médica da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. Os resultados foram publicados recentemente em um artigo no periódico Frontiers in Imunology, revista científica que está entre as cinco mais citadas no mundo no campo da Imunologia.
O pênfigo é uma doença autoimune, sua manifestação clínica é por meio do surgimento de bolhas que se espalham pelo corpo e que, quando se rompem, surgem no local feridas que podem ocupar grandes áreas, causando quadro doloroso intenso e servem de porta de entrada para infecções. Sabe-se que a manifestação clínica, as bolhas, é gerada por uma alteração no sistema imunológico que faz com que anticorpos produzidos pelo próprio paciente se depositem na pele, provocando a perda da aderência entre as células da camada superficial da pele. No entanto, ainda não se sabe qual é a causa da doença e por isso são realizados diversos estudos na área.
Professor Carlo José Freire de Oliveira, coordenador do projeto. (Foto: Edmundo Gomide/UFTM)
De acordo com o professor Carlo José Freire de Oliveira, coordenador do projeto, a pesquisa foi desenvolvida no período de 2013 a 2016, com pacientes atendidos no ambulatório do Hospital do Fogo Selvagem em Uberaba e no ambulatório de Dermatologia do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. “Ao todo foram avaliados 64 pacientes, divididos em três grupos, um de pacientes recentemente diagnosticados com pênfigo, um com pacientes em tratamento, e outro com pacientes em remissão, ou seja, que não apresentavam mais sinais ou sintomas da doença há pelo menos um ano. A pesquisa foi realizada por meio da análise do sangue coletado desses pacientes. A proposta era avaliar o quadro clínico e verificar os níveis das citocinas e quimiocinas dos pacientes nas diferentes fases da doença”, esclareceu Carlo.
Rodolfo Pessato Timóteo, um dos pesquisadores envolvidos no projeto, destaca que pesquisas já demonstraram o papel das citocinas na produção dos autoanticorpos que desencadeiam o pênfigo, no entanto, o estudo identificou que a citocina IL-22 está relacionada com o início da doença, e a concentração desta citocina é influenciada pelo tratamento. “Além disso, também foi observado que uma quimiocina denominada CXCL-8, também chamada de IL-8, pode ter um papel importante na manutenção da doença”, acrescentou Rodolfo.
Segundo o professor Carlo Oliveira, os próximos passos em pesquisas relacionadas ao tema têm por objetivo avaliar possíveis antígenos ambientais que possam estar envolvidos com o surgimento da doença. Novos estudos buscarão entender o perfil das células imunes produtoras de IL-22 na tentativa de compreender de maneira mais detalhada o real papel dessa citocina na patogênese e possível intervenção terapêutica nos pacientes acometidos.
Mais informações:
Nota publicada sobre a pesquisa no site da Sociedade Brasileira de Imunologia – Clique aqui
Artigo publicado na revista Frontiers in Imunology (em Inglês) – Clique aqui
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